Maneskin toca em São Paulo e conquista público com performance e carisma

Maneskin toca em São Paulo e conquista público com performance e carisma

Mesmo que há pessoas que discordem, o rock nunca morrerá, pois ele se renova periodicamente. Ao mesmo tempo em que bandas clássicas continuam na ativa sem perder sua qualidade (alguém aí falou “Iron Maiden”?), bandas novas surgem e dão novas caras ao gênero.

Um exemplo claro de nova banda que veio para ficar de vez no mundo do rock é o quarteto italiano Maneskin. Músicos de rua que começaram tocando juntos nas ruas de Roma em 2015, Damiano David (vocal), Victoria De Angelis (baixo), Thomas Raggi (guitarra) e Ethan Torchio (bateria) participaram do reality show musical X-Factor da Itália e se destacaram, não só pela música, mas também pelo visual andrógino e ousado que a banda já assumia na época, além da energia mostrada nas apresentações. Desde então, a popularidade do grupo só cresceu e trouxe consigo o sucesso.

Após participarem de diversos festivais mundo afora, o Maneskin foi uma das atrações escaladas para o Rock In Rio deste ano. De quebra, como muitas das bandas do festival, o quarteto italiano aproveitou a vinda ao país para agendar um show em São Paulo, que aconteceu ontem (9), com produção da MOVE Concerts em parceria com a Mercury Concerts, no tradicional Espaço Unimed, um dia depois da apoteótica apresentação do grupo no festival carioca, que foi televisionada.

Sendo assim, o público que já tinha quase esgotado os ingressos para a apresentação na capital paulista sabia o que iria ver – o que só aumentava a expectativa para a hora do show!

Com o Espaço Unimed bastante cheio por uma plateia com uma leve predominância de mulheres, o Maneskin subiu ao palco um pouco depois das 22h, sob gritos de “Vamo, c*r*lho, p*rra!”, que o público entoava em referência às palavras em português que o vocalista Damiano David tinha soltado no show do Rock In Rio no dia anterior.

Foto: Piero Paglarin

Logo que entrou – com seu característico visual andrógino e pouca roupa – a banda foi ovacionada e começou a cativar o público: ao som de “Zitti e Buoni”, Damiano, Victoria e Thomas andavam de um lado para o outro do palco, fazendo a plateia cantar e vibrar junto. Depois, “In Nome Del Padre”, o hit “Mammamia” – uma das músicas mais esperadas da noite – e “La Paura Del Buio” continuaram mantendo uma linda sintonia entre banda e público. Neste primeiro ato, Damiano, entusiasmado com o que via, até chegou a dizer que não conseguia ouvir sua própria voz de tão alto que o público cantava. “Mas eu não me importo com a minha voz, eu ouço ela todos os dias”, brincou o vocalista, que (quase) sempre se dirigia à plateia em inglês. O “quase” é por conta dos momentos em que Damiano ensaiava pequenas frases em português, como “Como vocês estão?” e os palavrões que o público tanto queria ouvir.

“Beggin'”, uma das músicas responsáveis pela explosão do grupo em seu início, foi a próxima música tocada – e cantada a plenos pulmões também pela plateia. No setlist executado (que você confere na íntegra ao final do texto), além das citadas “Mammamia” e “Beggin'”, “Coraline”, “Supermodel” (um dos últimos singles lançados pelo grupo) e “I Wanna Be Your Slave” foram as canções mais festejadas pela plateia, que realmente se mostrava conhecedora da maior parte das músicas, e não só as mais famosas.

Assim como aconteceu no Rock In Rio, covers também compuseram o setlist do Maneskin no Espaço Unimed. “My Generation”, do The Who, e “I Wanna Be Your Dog”, do The Stooges, foram tocadas pelo grupo com maestria. No bis, uma coisa difícil de se ver: a banda tocou novamente “I Wanna Be Your Slave”, fazendo a plateia novamente cantar junto em alto e bom som.

Foto: Piero Paglarin

Performance

Se o rock é atitude, o Maneskin já pode ser considerado exemplo. A performance do grupo no palco foi um dos principais pontos altos da apresentação. Damiano parecia já conhecer o público faz tempo, mesmo sendo a primeira vez em solo paulista. A relação de Victoria e Thomas com seus instrumentos parecia a relação de crianças com brinquedos novos. Além de não ficarem parados por muito tempo no palco, o trio esbanjava simpatia e descontração, o que contagiou a plateia desde o começo – inclusive com idas constantes às primeiras fileiras da plateia, para serem abraçados pelos fãs.

Ethan, com a impossibilidade de se movimentar pelo palco, tinha um semblante mais compenetrado em sua bateria. Porém, perto do fim do show, o italiano pôde mostrar toda a sua habilidade no instrumento com um solo. E, por falar em solos, foram diversas as vezes que Victoria e principalmente Thomas solaram e mostraram sua intimidade com os instrumentos em meio às músicas. 

Foi no final da primeira parte do show, antes do bis, que a banda mostrou que gosta de estar perto – literalmente – do seu público. Para tocar “Lividi Sui Gomiti”, o Maneskin chamou ao palco algumas pessoas da plateia, que puderam ficar ao lado dos integrantes do quarteto e devem ter tirados selfies invejáveis com eles tocando.

Foto: Piero Paglarin

É toda essa performance notável do Maneskin, aliada às músicas animadas e com o instrumental muito bem trabalhado, que nos fazem vislumbrar na banda a renovação do rock. Crescendo em sucesso como o grupo italiano está, quem sabe a próxima apresentação por aqui não seja como headliner em um estádio?

Confira o setlist na íntegra executado pelo Maneskin no Espaço Unimed em 09/09/22:

ZITTI E BUONI
IN NOME DEL PADRE
MAMMAMIA
LA PAURA DEL BUIO
BEGGIN’ (cover de The Four Seasons)
CORALINE
CLOSE TO THE TOP
SUPERMODEL
FOR YOUR LOVE
TOUCH ME
MY GENERATION (cover de The Who)
I WANNA BE YOUR SLAVE
I WANNA BE YOUR DOG (cover de The Stooges)
LIVIDI SUI GOMITI

Após breve parada:

LE PAROLE LONTANE
I WANNA BE YOUR SLAVE

Foto de topo: Piero Paglarin

 

Sobre o autor

Publicitário, especializado em Marketing e Comunicação Integrada. Amante da vida, encantado por pessoas e suas singularidades. Fã inveterado de filmes de terror, ouvinte assíduo de música jamaicana e rock pesado. E, claro: Vai, Corinthians!

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