Paulistano já é criado com a certeza da incerteza.
Sempre vê três ônibus com o mesmo nome, mas será que o número é o que te falaram? Era 748R-10 ou 748R-21? Capaz de pegar o errado e nunca chegar no destino.
Não importa a cor que esteja o céu, nunca consegue ter certeza do horário. Se eu sair agora, será que chego em 15 minutos? Ou será que vou demorar 3 horas?
Será a melhor opção ir de carro ou ônibus? Quem sabe trem, mas será que vai ter manutenção? Como será que vai estar a lotação do vagão?
Ser paulistano é escolher a roupa e no fim das contas sair de vestido, blusa e ainda pensar se deve passar na Americanas para comprar uma meia-calça para não passar frio.
A incerteza de como será a volta para casa, fazendo o paulistano andar com marmita, lencinhos, livro, jornal, blusa, capa de chuva e escova de dente na mochila.
É ouvir a notícia de possível tempestade, já levar uma muda de roupa, a necessaire cheia, o guarda-chuva e já pedir pro amigo que mora perto do trabalho “Eae mano, será que tem problema se eu tiver que dormir aí?”
Errar a roupa de vez em quando, passando frio ou calor nos lugares, é deixar uma blusa no trabalho “só pra garantir”. É pegar chuva mesmo quando você lembra de levar o seu guarda-chuva porque o vento foi um pouco mais forte que o previsto e sua proteção foi destruída.
São Paulo é imprevisível, ser paulistano também. Mesmo quando você não nasce na cidade, você se torna paulistano quando passa a morar aqui.
E mesmo com todas as incertezas da cidade, de trânsito, de clima, a única certeza do paulistano é o amor por São Paulo.