Conheci a zona norte desde pequena. Na verdade, a zona noroeste.
Nem norte, nem oeste, aquele meio termo que ninguém sabe direito onde é.
Tinha um tio em Pirituba que adorava ir no Jaraguá. Isso, o do pico. Não, Jaguaré é perto da USP. Tem o Jaguara também, ali perto da Lapa… Quer saber, deixa quieto, muito difícil explicar.
Ele gostava muito de ir até o pico, fazer a gente subir aquelas eternas escadas, ver os saguis. Mas valia a pena, a visão da cidade sempre foi linda de lá.
Depois de 26 anos morando no mesmo bairro, o Jaguaré, me mudei para o Jaraguá. É, da USP pro pico, pra facilitar o entendimento.
Sempre que ia ao pico com meu tio, achava frio, mas também, estava no ponto mais alto de São Paulo, isso tinha que acontecer.
Morando lá percebi que não era só isso. O Jaraguá tem um ar diferente. Todo mundo que passa por lá percebe.
Sim, o ar é mais puro, toda aquela mata ajuda nisso.
Sim, por consequência é mais fresco. É rotina acordar cedo e sentir a brisa de 14, 15 graus que antecede os dias mais quentes. Assim como é normal acordar e não conseguir enxergar um palmo a sua frente por causa da neblina.
Há quem duvide de quando falo “Eu moro num lugar bem mais frio que o normal”. O que acontece é que a pessoa sai tremendo e perguntando como aguento tanto vento.
Brinco que meu bairro é casa de Yansã, ela ama aquele lugar e faz questão de mostrar isso. Caso você não saiba, ela é a orixá dos ventos, raios e trovões.
O Jaraguá tem um ar diferente, meio interior sem ser cidade grande, cheio de gente que está sempre lutando com um sorriso no rosto, é algo que não dá pra descrever.
Te traz tranquilidade mesmo sendo agitado e é bonito, mesmo sendo cheio de dificuldades. Realmente, o Jaraguá tem um ar diferente.
Atualizado em 03/2021
Foto por Flávio Jota de Paula em Flickr