Eu sou um carro de F1 no metrô de SP
Eu sou um carro de fórmula 1. Essa transformação não tem hora, mas tem lugar: o metrô de São Paulo.
Minha largada começa quando ouço a sirene. Vejo o piscar da última luz vermelha e a porta do metrô abre dando a largada. É bom tomar cuidado para não queimar a saída e não bater em ninguém. Os primeiros metros são importantes para aquecer as pernas. Reconhecer a pista e não ficar para trás.
De vermelho sou uma Ferrari. De preto McLaren. De cinza sou o Safety Car, sempre à frente de todos.
Os Lerdos? Corto pela esquerda e pela direita. Só não corto fila. Dia e noite. De 2° a 6° marcha, ultrapasso jovens adversários que nem sabem que estão em uma corrida comigo.
Meu cabelo espetado faz muito bem seu papel de aerofólio. Os sapatos antiderrapantes me mantêm no chão. Às vezes tem batidas.
Já me envolvi em algumas. Mas quando isto acontece ligo a música, ligo o KERS, ligo o foda-se.
Cada segundo conta. Cada metro conta. E quem fica para trás, não conta. História. Escrevo com velocidade mais uma vitória. Sou um segundo mais rápido. Um metro mais rápido. Sou o Senna do Metrô.
Consolação 6:30 é uma Mônaco. É circuito de rua. A Sé é o Yas Marina. Lotado e difícil de ultrapassar. Jabaquara é minha estação final. A minha Interlagos. Estou correndo para chegar em casa.
Não corro para ganhar. Só corro porque quero chegar a algum lugar.
Atualizado em 03/2021