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4 coisas que só acontecem com quem mora em bairro pequeno

São Paulo é uma metrópole com bairros que podem ser comparados a pequenas cidades de interior. Mesmo uma enorme diversidade de gostos, culturas, estilos e idiomas, os bairros pequenos continuam com toda força. Quem mora em bairro pequeno vive uma realidade mais íntima e diferente do estereótipo da capital.

Mesmo com a síndrome de grandeza paulista, encontramos vários pequenos bairros com um charme de vila e todos os quesitos de uma cidade pequena.

Para o bem ou para o mal, este é um relato de uma pessoa que mora em um bairro pequeno há mais de 10 anos.

Quem mora ou tem familiares em cidade pequena sabe que esta perguntinha é frequente. Você é filho de quem? Parente de quem?

A pessoa que vos escreve passou algum tempo morando em outro estado, mas durante as férias voltava a São Paulo e  toda vez tinha que explicar para os curiosos e interessados vizinhos, toda sua árvore genealógica.
Pode ser uma forma de defesa contra intrusos, bem eficaz aliás.

Uma das coisas que eu mais admirava em São Paulo, era a possibilidade de sair na rua e ninguém me conhecer. Até que um dia fui ao pet shop do meu bairro e escutei um : SEU PAI TÁ BEM?
Os vendedores não só sabiam quem eu era, como também conheciam minha história familiar.

Meu pai sempre ia ao comércio e comentava sobre a minha ida para a faculdade em Minas Gerais. Além disso, falava com orgulho que teria uma filha jornalista (coitado) e atualizava sobre o cotidiano familiar.

Com isso, a vendinha do pet shop  se tornou uma parceira para o cuidado das minhas filhas felinas. Hoje sinto que o Pet Pequeninos é parte da família.

Intimidade é uma beleza. Quem mora em bairro pequeno sabe que a criançada fica alucinada durante as férias. Tem futebol na rua, bolada no portão e a famosa frase : “olha o carro!”, gritada com frequência.

Quando não é por terra é pelo ar. Pais e filhos, amigos e adolescentes nas lajes dessa São Paulo fazem a festa com os pipas. Dentro de casa consigo escutar as dicas, as lamentações e sei que logo menos terei uma batida no portão: Moça, pega o pipa pra mim? Os pedidos de resgate de bolas e pipas são frequentes.

Sempre achei que era melhor ninguém tocar a campainha, não me cumprimentar na rua e não fazer visitas (Deus me livre). Voltei a São Paulo há um ano e agora consigo enxergar que esta intromissão pode ser  importante.

Há cerca de um mês, a casa de um vizinho foi assaltada. Era meia noite quando os ladrões saíram da residência. Escutamos gritos, choro e todos ficamos com medo.
Assim que a família foi libertada, muitos moradores foram à rua dar apoio e tomar as precauções devidas. Chamaram a polícia, aguardaram junto com a família e, então, começamos a nos proteger.

Sabemos os horários um dos outros, entramos em contato caso haja alguma movimentação estranha nas redondezas.

Eu que voltei para a cidade grande buscando fugir dos costumes de uma cidade pequena, consigo mesclar as duas formas.

Vizinho amigo

Quem mora em bairro pequeno tem que cumprimentar vizinho na rua, perguntar se está tudo bem, conversar com o padeiro e pedir para o dono da quitanda guardar aquele brócolis maravilhoso. A boa vizinhança não está morta.

E eu descobri que é bom me sentir em casa, seja na rua ou no comércio da nossa bonitinha mas ordinária, Vila Matilde.

Atualizado em 03/2021
Foto por OrlandoSantana em Pixabay 

Sobre o autor

Aquariana, jornalista, ávida por jornalismo na rede, marketing digital, mídias sociais, política, cultura e gastronomia.

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