Automático. Acorda cedo, toma banho, escova os dentes, toma o café da mesma marca, pega sua carteira, sua chave e seu celular, na mesma ordem, no mesmo horário. Toma o mesmo ônibus, que há anos tem o mesmo motorista, que possui a mesma rota, com as mesmas pessoas, que compartilham dos mesmo sentimentos.
Alienado. Chega ao seu trabalho, como vendedor de uma ótica, coloca sua gravata, que tem a mesma função dos óculos, para ajudá-lo a enxergar que está preso às mesmas funções, sujeito a ouvir as mesmas respostas e dizer as mesmas falas enquanto exerce as mesmas tarefas em seu período na empresa.
Sistemático. Quando acaba seu horário, sai de seu trabalho, fazendo a mesma rotina da manhã, em ordem reversa e com a mesma pressa, pois tem que chegar em casa para descansar, pois no outro dia tem de ir trabalhar.
Entediado. E quando chega seu descanso, fica perdido. Limpa sua casa, seguindo fielmente a sua ordem, sempre começando do quarto até chegar na sala. Quando vai ao mesmo mercado que frequenta desde que chegou no bairro, tem a mesma conversa sobre o futebol de sempre com o dono do comércio. Como forma de lazer, busca assistir televisão, mesmo programas naquelas mesmas três ou quatro emissoras, mesmo com a enorme variedade de canais.
Sobrevivente. Pensa em mudar de vida, trabalhar menos, ter uma melhor remuneração e conhecer novas pessoas. Sonha em conhecer o mundo de norte a sul, do ocidente ao oriente, mas não consegue se livrar da prisão de sua rotina. Não ousa retirar o antolho desse sistema e colocar as lentes para visualizar as belezas ao seu redor.
Nosso personagem é um exemplo de paulistano conformado. Tanto faz seu nome ser José, Beto ou Caetano, pois esse é um enredo que se repete. Pessoas com a mesma atitudes buscando resultados extraordinários.