São Paulo é uma cidade incompreensível, nunca nenhum especialista irá conseguir desvendar o fenômeno que aqui existe, uma cidade repleta de criticas, cheia de violência e que é constantemente execrada em comentários por aí como um lugar terrível para se morar e sofre com criticas por sua rotina “desumana”, mas amada por muitos.
Eis que a cidade é só um espelho do que somos, ela representa a sua mais profunda angustia em entender o quanto você se ama. Reclamar da cidade é reclamar de si mesmo.
Para os amorosos, São Paulo é magnifica, tem passeios, lugares bonitos e pessoas legais, já os violentos vivem em uma cidade suja, chata e cheia de brigas. Algumas variações são possíveis de acordo com o humor das pessoas e as relações.
A relação “São Paulo/Eu mesmo” é uma coisa a ser estudada, é o narcisismo ao quadrado.
É comum escutar de pessoas por aí que não aguenta mais a vida e na sequência dizer que não aguenta mais São Paulo. Veja como essa relação está ligada, o homem faz parte desse meio, ele é São Paulo, é a cidade, nós somos São Paulo. Por isso não se desiste e nem abandona a cidade. Ninguém desiste de si mesmo, se ama.
Quem bebe dessa água jamais a deixa, o desafio também prende as pessoas. É quase uma relação patológica, se entra em uma rotina alucinante e fica preso nela, faz parte do seu ser agora, São Paulo é assim. Perturba e acalma ao mesmo tempo, ninguém aqui é inocente.
O amor é inexplicável, quando se ama, protege, escancara, verbaliza, amor é assim, é intenso. É também um processo de descoberta e adaptação, requer maturidade e revela sua verdadeira face. É como se olhar no espelho e se encarar por alguns instantes, refletindo na sua imagem o que você é e como se coloca no mundo, cada um de nós é uma cidade paralela.
Amar a cidade é também se amar, acreditar nela é acredita em você, crer que pode ser melhor, que a cidade pode ser melhor. Não é sobre onde você mora, é muito mais sobre o que mora em você.