São Paulo é uma correria que só vendo, ou não, pois passa tão rápido que nem se vê o tempo correndo. A rotina estabelecida pela cidade é impressionante, chega a ser assustador para quem não vive nesse cotidiano, mas já é tão natural para seus moradores, que passa batido, rápido e batido.
Desenvolve-se aqui uma mentalidade de que tempo é dinheiro, no sentido mais literal que se pode ter, onde quanto mais tempo dedicado a ganhar dinheiro melhor, e quanto menos tempo não fazendo nada para ganhar dinheiro é tempo perdido. Vide as jornadas de trabalho das pessoas, que quase sempre estendem seus horários e priorizam o trabalho, sempre na frente de qualquer outro compromisso. Esse tipo de mentalidade é a religião da capital, talvez o traço mais marcante da cidade que é tão plural, mas que não tem uma tradição própria da cidade. A tradição aqui é o trabalho.
Trabalho deveria engrandecer o homem (é o que dizem), claro que faz bem, todos devemos ter um papel importante para a sociedade e sentir-se envolvido na sociedade, integrante de alguma comunidade ou clube. O trabalho é a forma de contribuir para alguma coisa e ser pago para isso, sobreviver com isso. Só que os desejos, estão na frente das necessidades sempre. Escravizando qualquer importância que um trabalho possa ter, tornando-o apenas um “ganha pão” ou uma “escada” para a tentativa da capitalização máxima.
O tempo vai passando e vai se afunilando a disputa pela monetização e o tempo cada vez diminuindo, o ontem não foi suficiente para sua monetização, agora, se tem a atualidade para correr atrás do ontem e do hoje, para satisfazer esse amanhã idealizado que nunca chegará, só causará uma divida cada vez maior com o amanhã. Divida essa cobrada pelos motivos errados, o do falso sucesso.
Uma divida que o amanhã te cobrará, será sobre o seu hoje, ele não ligará para o seu ontem e nem mesmo você vai recuperar essa cobrança, a divida sobre a monetização sempre tem o tempo de reverter e garantir o “sucesso” máximo. Agora na parte que realmente vai cobrar, não tem como replantar as sementes que ora esquecidas foram.
O tempo que você regou suas relações e amizades, não pode ser voltado. Sucatear esse projeto pode custar muito caro.
O amanhã pode ser uma triste surpresa, que talvez não exista reversão, ou que agora seu tempo esteja curto demais para concertar um ontem corrido. Garantir o hoje deve ser o lema. Deixar de lado essa história de pressa, pois chegar ao lugar mais alto pode ser uma ilusão grande.
Seu mapa pode estar de cabeça para baixo, fazendo do fim o começo e te dando coordenadas falsas para uma ilha que não tem felicidade.
Um mapa ao contrário é um perigo.
Sobre o autor
Marcelo Antunes
Defini-lo é difícil, se diz Escritor e poeta, com formação e atuação nas áreas de comunicação, mas na verdade é apenas um rapaz latino americano, que escreve para se libertar de seus pensamentos. Procura transcrever com palavras o que seus olhos registram e o seu coração sente. Literalmente.