São Paulo e o seu tal horário de pico, pensando o coletivo e o individual.
São Paulo pulsa, respira, grita, o caos ecoa por toda parte e a falta de mobilidade é uma marca da cidade, o cidadão aqui calcula o tempo perdido no transito da cidade. Acordar cedo e seguir para o trabalho deveria ser um esporte olímpico, exige muita resistência e paciência e é praticado diariamente por uma grande parte da população(sendo assim mais popular que o Futebol). O caos do transporte desequilibra o espirito na ida e volta a perturbar no retornar. De carro ou de transporte público.
Uma das dualidades da cidade é o transporte coletivo x transporte individual (carros e motos), de uma maneira escancarada já é possível notar o desequilíbrio ilógico que acontece todo dia, há muito tempo. Essa ferida aberta é o que mais exemplifica o como pensamos enquanto cidade.
Definitivamente o transporte coletivo não foi feito para ser sucesso, ou o que seriam dos transportes individuais. Mas seria uma piada chamar o transporte coletivo (ônibus e metro) de Coletivo, quando não sabemos nem o que significa coletivo. Uma cidade que pensa em individuo não pode entender a real importância do coletivo. O que pode ser apenas um eufemismo para um transporte ruim que leva um coletivo de ínvidos individuais.
O tal do “horário de pico” eram os horários com o maior número de pessoas concentradas no transporte e no transito, era um reflexo do horário comercial (07 ás 19), onde pessoas saiam todas juntas para o trabalho e retornavam todas juntas, amenizando os demais horários e finais de semana. Aqueles passeios aos sábados eram tranquilos, era possível sair de casa com pouca antecedência, sem contar com transito ou complicações, coisas utópicas atualmente. É impossível sair para qualquer lugar com menos de 2 horas de antecedências.
Mais pessoas na cidade, sim, mais pessoas usando transporte coletivo, sim, pessoas pensando no coletivo, não.
Baseado nas atitudes de algumas pessoas, pra não dizer muitas, como correr no metrô para ser o primeiro; empurrar o outro por um lugar melhor; ficar concentrado na porta atrapalhando o fluxo; cortar fila e não respeitar minimamente o companheiro do lado. Deixa claro que se fosse possível todos iriam de transporte individual para fugir desse coletivo. O problema é que ainda assim os carros estariam todos empilhados e amontoados, em um transito caótico, atrapalhando o coletivo da cidade.
O fato triste da cidade é, perceber como as pessoas são coletivas por pura obrigação, ou falsa obrigação, mas não perdoariam a chance de levar vantagem sobre o outro, transformando assim uma cidade individualista e carregada de cinza, das fumaças e humores em todos os horários. Devido a ser uma cidade que não dorme. É triste perceber que a semente plantada por quem interessa, conseguiu crescer, contagiar as pessoas e colocar os companheiros de cidade em uma guerra interna.
Algumas pequenas intervenções, como bicicleta, ciclovia, Uber e serviços de coletivos sofrem tanta resistência. É impressionante como o reforço desse modelo que só destrói cada vez mais a mobilidade, continua sendo alimentado e adorado, mesmo em momento de crise, onde o natural seria repensar os hábitos e construir um novo conceito, só se lamenta que o modelo do transporte individual não possa mais ser alimentado (comprando ainda mais carros e motos).
Atualizado em 03/2021
Foto por Heron Rossato @h_rossato em Unsplash