Deficiência e carnaval de rua combinam?

Aproveitar um bloco do Carnaval de rua de São Paulo pode ser desafiador, mas não deixa de ser uma experiência inusitada. Com cadeira de rodas, um simples desnível na calçada pode ser motivo para se ter paciência; a ausência de elevador numa estação de metrô é sinônimo de aventura. No dia 13/02 resolvi me “aventurar”.

Foi a primeira vez que fui a um bloco. Não fiz isso antes por medo. Medo de dar alguma confusão e eu estar no meio do fogo cruzado sem ter como escapar. Medo de multidão. Medo, simplesmente.

Fui chamada para ir ao Bloco da Catuaba. Foi a primeira vez dos caras no Carnaval de Rua de São Paulo. Tudo era novidade tanto para os meus amigos quanto para a equipe do bloco – inclusive o fato de haver uma cadeirante no meio da multidão.

Foto: Vtao Takayama / I Hate Flash
Foto: Vtao Takayama / I Hate Flash

Para chegar até a frente do bloco, perto do carro e da corda, não foi fácil. Havia muita gente pra pouco espaço. Além disso, o fato de estar calor, eu estar sentada e todas as outras pessoas em pé fazia com que o ar que eu respirava fosse quente.

Me surpreendi com a solidariedade de pessoas que sequer me conheciam e que abriam caminho para que meus amigos conseguissem passar comigo. No percurso até o bloco, não vi ninguém da prefeitura nem do CET dando alguma orientação às pessoas.

Depois de muitos pés “cutucados” (sem querer. Juro!) e muitos pedidos de licença, consegui chegar com a minha amiga perto da corda. Não demorou para a equipe do bloco nos chamar para dentro da corda. A parte ruim é que nos duas ficamos longe dos nossos amigos, mas o percurso ficou mais “pacífico”.

Como todo o percurso foi na rua, a cadeira de rodas às vezes “engasgava” no asfalto. O piso ficou bom quando passamos sobre uma ciclofaixa – melhor que muita calçada por aí.

Quando o bloco começou a dispersar, muita gente ainda seguiu na folia. Nós preferimos parar. Para subir na calçada, outro desafio: não havia degrau e a calçada era feita de ladrilhos portugueses. Um pouco de força e a cadeira subiu.

Um tempo depois, fomos embora da mesma forma como viemos: de metrô. Apesar de algumas estações não terem elevador, os funcionários são capacitados para levar um cadeirante pela escada rolante. O retorno foi tranquilo.

Falta muito pro Carnaval 2017?

Para ler em detalhes, é só acessar aqui.

Para ver todas as fotos do evento, clique aqui.

Sobre o autor

Jornalista que, por brincadeira do destino, quase cursou biomedicina e começou publicidade e propaganda. Adora assuntos relacionados a cultura e saúde. Tem paralisia cerebral, lesão que provocou sua deficiência física, afetando também sua fala.

[fbcomments url="https://www.sobrevivaemsaopaulo.com.br/2016/02/deficiencia-carnaval-de-rua/" width="100%" count="off" num="5"]