Eu, definitivamente, não sei planejar o futuro. Não sei se quando acabar esta crônica irei embora de metrô ou ônibus. Não sei se quero comer pastel ou pizza. Não sei se no final de semana vou pra balada ou se vou ficar em casa assistindo Netflix. Não sei sobre o que vou escrever para o blog. Não sei com que roupa irei trabalhar. Não sei pra onde viajar nas férias. Não sei o tema do meu TCC. Não sei se quero ser fotojornalista ou repórter de cultura. Eu não sei de nada que esteja há um minuto longe de mim.
Eu não sabia qual seria o desenrolar deste texto. Para alguém com tantos “não-seis”, planejar o futuro de uma carreira é praticamente impossível.
Dia desses conversando com a minha mãe sobre tatuagens, ela me disse que “antes de rabiscar o corpo pra sempre, eu deveria ter uma estabilidade profissional”. Internamente eu chorei de rir, não consigo imaginar uma vida com estabilidades. Talvez seja coisa da idade. Quando se está nos 20, pensar adiante não faz muito parte do dia a dia.
Quando as pessoas me imaginam daqui alguns anos, pensam em Willian Bonner, sem sequer pensar que prefiro Nelson Rubens e Fabíola Reipert. Sem saber que acho um porre o trabalho do Bonner e que meu amor mora no jornalismo de cultura e na fotografia – as profissões mais incertas do mundo.
Há anos tento montar na minha cabeça uma ideia de estabilidade profissional. Lá dentro da mente passa uma luta, na qual estabilidade é nocauteada pela venda da minha própria arte na praia, sempre. Passa também eu entrevistando Beyoncé e Neymar em uma road trip, coisas naturais.
Foi o fim quando me pediram para imaginar qual será o meu relacionamento com o jornalismo daqui 10 anos. Assim como é horrível quando me perguntam o que eu vou querer comer quando chegar em casa. Ou qual será o próximo tema do meu blog. Quem sabe daqui 10 anos eu esteja planejando os outros 10 anos, por hora, vou tentando planejar as viagens das minhas férias. Por hora, vou vivendo o agora.
