A São Paulo de cada um
Eu já ouvi algumas vezes que eu não conheço São Paulo, que eu deveria sair mais e andar por aí para “conhecer a minha cidade”. Mas afinal, o que é exatamente “conhecer”?
Ao meu ver, o meu conhecimento sobre São Paulo é extremamente vasto, e isso tudo mesmo sem que eu tenha visitado nenhuma vez o Horto Florestal, o Parque Villa Lobos, o Parque da Juventude, a Praça Roosevelt…Gosto de pensar que cada um tem a sua cidade, cada um faz São Paulo da maneira que mais lhe convém e agrada. Por que não pode ser assim?
Eu conheço e entendo São Paulo como uma cidade quase misteriosa, com alguns toques de romance e pitadas de receio em certas esquinas. Aprendi desde sempre que em certas ruas eu devo tomar mais cuidado, olhar mais para trás, e que outras eu não deveria atravessar por causa da ausência de semáforos.
Nestes últimos 6 ou 8 anos nos quais comecei a andar sozinho pela cidade, eu comecei a entender qual é a MINHA São Paulo, e para mim, ela está ótima, e eu a compreendo sem nenhum problema aparente.
A minha São Paulo é aquela dos teatros baratos com peças excelentes e atores que ninguém nunca ouviu falar, shows de bandas e cantoras desconhecidas em locais pequenos no Bom Retiro e no Jardins, aquela com longas caminhadas noturnas de ida e volta pela Av. Paulista sem nenhum destino ou compromisso aparente. É a cidade onde eu posso tomar um café e comprar um livro no mesmo lugar, onde de repente, em uma tarde sem pretensão, um homem surge e me oferece uma caricatura incrível de mim mesmo em troca de algumas moedas, sendo que era um trabalho que valia muito mais do que isso.
É a cidade que deixa os beijos diferentes, que proporciona coisas novas a cada passeio no Conjunto Nacional ou na Rua Augusta, é a cidade onde há dois anos e 3 meses eu conheci o amor, que me agarrou, dividiu a São Paulo dele comigo e juntou com a minha. Mas, acima de tudo, é onde eu me sinto em casa, onde eu me sinto acolhido por todo o excesso de shoppings e prédios tão criticado por quem não é paulistano.
Essa é a minha São Paulo. Então, porque ao invés de falar para alguém que tal pessoa não “conhece” a cidade, você não vai conhecer a SUA cidade? Essa é a minha. E aí? Qual é a de vocês?? 😉
Atualizado em 02/2021
Foto por Luana Azevedo em Unsplash