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Um sonho chamado mobilidade urbana

O primeiro passo fora de casa nem sempre é simples. Arrumar um trabalho que exija deslocamento nem sempre é simples. Ir ao pronto-socorro nem sempre é simples. O motivo? Falta de mobilidade urbana. Desde que me conheço por gente, essa tal mobilidade foi sempre… um sonho. Sim, um sonho.

Meus passos são diferentes dos que a maioria das pessoas dá. Algumas vezes, raspo o sapato no chão. Além disso, uma bengala me acompanha. Meus joelhos são curvos. Por isso, ficar parada durante muito tempo ou andar uma distância um pouco maior do que a que costumo já me deixam cansada. Calçadas mal conservadas são motivos para eu não sair sozinha de casa.

A ciclofaixa já chegou por aqui – apesar de pouquíssimas pessoas serem vistas usando-na -, um bairro extremamente tranquilo, sem movimento de carros com um parque no final.

Condução no meu bairro? Só em sonho.

Para sair do bairro, é necessário subir uma rua íngreme, e depois  de caminhar um pouco, é preciso descer uma outra rua. Só aí se chegará a um ponto de ônibus.

As condições – física e financeira – para se ter um carro adaptado ainda ainda estão distantes. Em cima de uma bicicleta eu não me equilibro: vou direto pro chão. Handbikes são caras – e só cabem direito na ciclofaixa se não vier ninguém no sentido contrário.

Pode ser que um dia eu consiga ver a mobilidade urbana fora dos meus sonhos.

Atualizado em 02/2021
Foto por Nathana Rebouças em Unsplash

Sobre o autor

Jornalista que, por brincadeira do destino, quase cursou biomedicina e começou publicidade e propaganda. Adora assuntos relacionados a cultura e saúde. Tem paralisia cerebral, lesão que provocou sua deficiência física, afetando também sua fala.

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