Olha a esquerda!

Olha a esquerda!

É um tal de “olha a esquerda!” no metrô que a gente olha pra todos os lados e fica meio perdido sem saber pra onde vai. Isso aqui é uma correria só. Catraca daqui, fila dali, um bom dia de cá. Dizer bom dia em Curitiba é sinal de tempo bom. E haja Sol pra fazer o povo se abrir pela manhã.

O paulistano já é mais disposto. Esses dias, já à noite, meu vizinho, que deve morar uns dez apartamentos longe de mim, soltou um alto e claro “boa noite”. Tomei um susto. Vai com calma, moço! Não estou acostumado.

Assim como todo mundo tem aquele momento em que sente a necessidade de bater as asas e voar para qualquer lugar que traga novos desafios, eu resolvi voar até São Paulo. Como disse Caetano, “quando eu cheguei por aqui, eu nada entendi”. Mas é fato que bastaram poucos dias para sumir o meu medo da “selva de pedra”. Que nem tem tanta pedra assim.

Legal mesmo é ver Sampa por baixo, sem aquelas fotos assustadoras de um mar de prédios que nos fazem ficar relutantes. Olhar a vida que há entre as vias carregadas de pressa e agressividade, mas com a humanidade solícita de quem percebe que você está perdido e o ajuda com um sorriso.

São Paulo carrega em si essa pluralidade e abertura ao novo que outros lugares hesitam em seguir como exemplo. Não é a toa que todos os povos se juntam aqui. Ou será que é essa junção que torna tudo isso possível?

Fato é que vim parar no cantinho dos amenos e dos extremos. Assim, tudo junto e misturado. No começo, pra quem é de fora, não é fácil de entender. Mas, basta o Caetano, mais uma vez, pra consolar a nós, “que viemos de outro sonho feliz de cidade a logo aprendermos chamá-la de realidade, porque és o avesso do avesso do avesso do avesso”.

Ps.: Não acredito que ninguém aqui fala Sampa. Pelo menos, não vi ou ouvi. Passei vergonha.

Atualizado em 02/2021

Sobre o autor

Jornalista no dia a dia e turista nas horas vagas. Vindo de Curitiba, se nega a dizer que tem sotaque, apesar de soltar um leitE quentE de vez em quando. Tem apreço por escrever e, quando se inspira, tira crônicas até de bula de remédio.

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