Metrô e individualidade
Armênia
Estamos em cerca de 25 pessoas, cada um no seu próprio mundo. Com os nossos fones de ouvido. Escutando aquela nossa música preferida – ou aquela chata, antiga, mas que a preguiça não deixa pular, ou apagar. Alguns, sortudos, que correram e pegaram lugar na janela, se fixam nela e se sentem em uma cena de filme, enquanto analisam o metrô que passa voando do lado, as ruas, os prédios, os carros e tudo que há em volta.
Carandiru
E já estamos em um número menor. Não vou chutar quantos somos por ser péssimo nisso, sempre erro. Mas continuamos todos no nosso individual. Até agora não rolou nenhuma troca de olhar apaixonante. Uma conversa repleta de sorrisos com direito a troca a troca de telefones, facebooks e essas coisas.
Jardim São Paulo
Cada vez mais diminuto o número de pessoas aqui. Mesmo assim eu ainda não sei o nome de nenhum dos meus “colegas de vagão”. Individual que somos. Bate vontade de puxar assunto com alguém. Mas quem? Todos com seus fones, mergulhados em suas próprias músicas, whatsapps e janelas. Não estou preparado para uma reação ruim de alguém. Vai que a pessoa está com uma bomba. Não duvido de mais nada nesses dias de hoje.
Parada Inglesa
Ai lembro que nem só de mal vive o mundo. Que no meio de bombas há flores, basta procurá-las. Talvez haja flores neste vagão.
Tucuruvi
E chego ao meu destino, no meu individual, assistindo o individual alheio. Não falei com ninguém. Não sei se haviam bombas ou flores, ou qualquer outra coisa no meio disso. Terminamos a viagem por volta de 6 pessoas. 6 individuais. Algumas bombas, algumas flores. Todos vida. Todos rotina.
Atualizado em 03/2021
Foto por Rafael De Nadai em Unsplash