Aplicativos e a preguiça social
Ao mesmo tempo que critico as pessoas que não saem do celular no metrô, tenho uma espécie de fascinação por aplicativos que evitam o contato humano. Os aplicativos de banco são os meus favoritos, mas também tenho admiração por pedir comida online. Hoje em dia minhas compras online vão desde a ração do meu cachorro, roupas de brechó e até fogos de artifício… Tudo online.
Sábado, chuvinha, Spotify, casa vazia e cobertas fofas. Essa é minha situação no momento. O único contato que quero ter com outro ser humano no dia de hoje é com o motoboy que vai trazer a comida.
Se houvesse um aplicativo que fizesse a comida aparecer na minha mesa, eu já o teria baixado. Talvez um dia isso seja possível. Talvez meus netos tenham essa vida boa… Ou talvez tenhamos que dar boa noite para o motoboy para todo o sempre.
A questão é que além do HelloFood e do iFood, temos os pedidos pelo próprio site da empresa. Acho isso sensacional, mas ao mesmo tempo terrível. Quantas pessoas perderam o emprego com essa história? Muitas, provavelmente. Quantas ainda vão perder emprego para as máquinas? Muitas mais, com certeza.
Gostaria de fazer alguma reflexão sobre o quanto isso é horrível, mas não vou. É um benefício para nossa preguiça social. Talvez esse seja o próximo passo para a evolução da raça humana, ou talvez seja um passo pra trás.
Mas não importa… O motoboy acaba de chegar trazendo o jantar. Nem todo herói usa capa, não é mesmo?
Atualizado em 02/2021
Foto por Jan Vašek em Pixabay