Texto de Priscilla Millan
A exposição Farnese de Andrade: Arqueologia Existencial traz um ar de espanto e choque com a realidade do início da vida. Através de vários objetos dispostos no ambiente como quadros, esculturas e altares, o nascimento é posto no palco. A fecundação é mostrada com a figura de bonecas recém nascidas, com olhos de vidro que levam o expectador ao medo, mas também a reflexão de onde viemos, como somos de fato e o quão grande é a nossa fragilidade perante tudo.
O enfoque da mostra é a produção do artista mineiro entre os anos de 1970 e 1990. São 50 obras feitas a partir de assemblages, ou seja, retalhos, pedaços de madeira e objetos que até então eram considerados lixo. Os materiais foram retirados de praias e aterros. Corpos e cabeças de bonecas, santos de gesso e plásticos foram reutilizados.
O nome Arqueologia Existencial remete a ideia de buscar nos vestígios, rastros e objetos deixados por seres humanos, que possuem valor ainda. Os altares são compostos por oratórios. Caixas e redomas de vidro foram usados também. Tudo veio de depósitos ou lojas de coisas usadas.
Para o curador Marcos de Lontra Costa, o objetivo é mostrar tudo de interessante e renovador na obra de Farnese, “Procuramos trabalhar o artista dentro de quatro instâncias: razão e loucura,religião, sexualidade e arte.” A obra de Farnese resgata os valores da família, memórias da infância e religiosidade.
Em 1964 começou sua carreira como gravurista e desenhista. De início já usava inovação nas obras com resina de poliéster. Fez inclusive trabalhos tridimensionais usando colagens e como já dito, objetos deixados no lixo, em lojas de demolição ou antiquários. Ele pegava materiais e coisas diferentes e as unia de forma a trazer toda sua angústia, medo, fetiches, rancores, libidos e euforias da forma que só ele sabia mostrar.
Esta exposição foi inaugurada no dia 16 de maio, mas ainda da tempo de correr lá e conferir. Ela vai até o próximo domingo, dia 12/07 na Caixa Cultural, localizada na Praça da Sé, centro da cidade. A entrada é franca, de terça a domingo das 9 da manhã às 7 da noite.
Priscilla Millan Sou uma estudante de jornalismo que escolheu a profissão para conhecer histórias e tocar o coração das pessoas. Além de informar, gosto de escrever, de forma sutil, leve e desconcertante. Gosto da magia das palavras, de seu cheiro e de seus rastros. Gosto de atitudes, mas que por trás delas, haja belas palavras que eternizam cada momento.