Existe gentileza em São Paulo
Antes de mais nada, quero contar duas histórias:
História 1: Apesar de ser gaúcha, sou filha de paulistas e lembro uma situação que minha mãe me contou, de quando ela era recém chegado na capital gaúcha. Ela foi dar “bom dia” para alguém no elevador e foi solenemente ignorada. Primeiro ficou chocada com tamanha grosseria, depois entendeu que por lá é assim mesmo, não é por mal.
História 2: Eu, em um determinado momento, fiz uma amiga paranaense. Um dia, na rua, ela me perguntou se eu tinha um lápis de olho para emprestar. Pequei o item da minha bolsa e entreguei pra ela dizendo “TÓ!”. Ela, rindo, me disse: “Eeee, esse pessoal do sul [como se ela não fosse], tudo meio grosso!” Fiquei com cara de ponto de interrogação.
Qual o denominador comum dessas histórias? Eu achava que era frescura, exagero de ambas. Pensava: “jura! bem capaz* que gente é tão grosso assim!”.
E o que isso tem a ver com São Paulo? Tudo. Eu acho que talvez eu venha de um ambiente mais ríspido mesmo, pois estou achando as pessoas muito corteses por aqui.
Lógico, sempre tem aquele sem noção que, em horário de pico na estação Paraíso, te xinga porque tu não entrou no vagão que está com a porta aberta na tua frente mas não cabe mais nenhuma mosca. Porém, em geral, estou me sentindo bem tratada.
Eu converso com as pessoas e elas conversam de volta! Não recebo mais olhares de: “afe, que maluca”. Inclusive me dão corda!
Os rapazes deixam as mulheres passar antes no elevador, sala, porta, qualquer lugar (menos no metrô). Não quero soar sexista, mas é o tipo de coisa que me chamou a atenção.
Também notei que as pessoas quase sempre cedem seus lugares para os idosos, mesmo quando não estão em locais não preferenciais. Posso listar aqui mais mil exemplos, mas não vou.
Talvez eu esteja com o óculos cor-de-rosa por estar adorando a cidade, mas eu me sinto ótima por aqui – ou menos louca. Ainda não sei se existe amor em São Paulo, mas gentileza com certeza existe.
A tempo: *bem capaz = até parece (nesse caso específico).
Atualizado em 02/2021
Foto de Ronê Ferreira em Pexels